sexta-feira, 29 de abril de 2011

REAJA À VIOLÊNCIA RACIAL



REAJA À VIOLÊNCIA RACIAL
(React to Racial Violence)
Por: Milton Barbosa = Miltão do MNU

Negro
se você não reagir
você será morto

morto socialmente
culturalmente
economicamente
psicologicamente
moralmente
precocemente

morto antes de nascer
ainda no ventre materno
será morto sem trabalho
sem escola
sem ter onde morar

não terá direitos
nem saúde
estará sempre acompanhado
da praga da embriaguez
da prostituição
empurrado para o crime

você será morto
nas prisões, nas ruas
no campo, nas cidades
por fome
por uma bala da polícia

morto sem história
com a angústia de não ter lutado
sua dignidade
estraçalhada

Carta de Nairobe Aguiar,vítima de VIOLÊNCIA

Quando racismo e sexismo se encontram na UNIJORGE Carta aberta ao Movimento Negro, Movimento de Mulheres Negras e Movimento Feminista Comunico às organizações de Movimento Negro, Mulheres Negras e Feministas que eu, Nairobe Aguiar, estudante do quinto semestre de História UNIJORGE, Centro Universitário Jorge Amado, fui agredida com uma tapa na cara por um colega, componente da organização do Simpósio de História “Pesquisa Histórica na Bahia” na referida faculdade.

Inicialmente, estávamos organizando conjuntamente a coordenação do Curso, o Simpósio de História, que da noite para o dia, fomos tirados da construção, sob a justificativa de que o evento não deveria ter envolvimento do movimento estudantil, em tempo, de um dos palestrantes, e ainda, que não assinaríamos os certificados, visto o evento estar sob a responsabilidade da instituição. No dia anterior ao fato, encontramos esse grupo de estudantes com a camisa de organização do evento (até então da universidade), fizemos algumas intervenções, falando sobre a institucionalização daquela atividade, proposta pelo movimento estudantil, e sobre a apropriação intelectual da mesma.

Com efeito, isso causou um forte incômodo à organização do evento. Quando cheguei à atividade, no dia seguinte, fui impedida de assinar a lista de presença, que me legitimaria a ganhar o certificado de carga horária do evento. Todas as pessoas assinaram, na minha vez, a organização da atividade recolheu a lista, e eu perguntei num tom alto, no meio da palestra: por que vou assinar a lista lá fora, já que todos assinaram aqui dentro? Na mesma hora, todo mundo parou e me olhou. Esperei o evento acabar, chamei a coordenadora do curso para pedir explicação, a mesma não deu atenção, assim não comunique o ocorrido.

Quando saí do evento, me dirigi até LUCAS PIMENTA, o agressor, e perguntei: posso assinar a lista? Ele disse: “você é muito mal educada!”. O interrompi, e falei: não quero te ouvir, só quero saber se posso assinar, caso contrário, vou conversar com a coordenação. E ele disse: “Você tá tirando muita onda, não é de agora que eu tô te aturando!” E me deu UMA TAPA NA CARA! Quando falei que Eu, oriunda do movimento negro, do movimento de mulheres negras, não deixaria barato, que iria acionar a lei Maria da Penha, ele se curvou e foi segurado pelos colegas ao tentar me dar murros. Ao dizer, “você tá tirando muita onda,” em seguida, me agredir, o Sr Lucas Pimenta revelou um sentimento de insastifação, não apenas de Lucas, mais de muitos(as) outros(as), diante do fato, de ser eu, mulher e negra, Coordenadora Acadêmica no CA de História da Jorge Amado.

O fato de estarmos adentrando o espaço acadêmico por si só, já fez membros da elite branca, sobretudo, masculina, sentir-se ameaçada. Uma tapa na cara vem em retaliação a um fato, mais insuportável ainda, para Lucas e demais membros da elite racista-sexista desse país: sou mulher negra, favelada, jovem e o represento num espaço onde o projeto genocida de Estado brasileiro historicamente reservou para o segmento branco. Sei, que no fundo, a intenção de Lucas e outros racistas violentos, lotados na academia, não é apenas dar um tapa na cara de cada preta(o), mas barrar a nossa entrada e ascensão nesses espaços.

Enfim, nos eliminar fisico-espiritualmente. É por isso, que o racismo e o machismo se articulam o tempo todo para impedir que pessoas como eu (preta estilo favela!) não possam representar uma pequena minoria do curso de história (brancos, e classe média). Atualmente, ocupo a posição de Coordenadora Acadêmica do Centro Acadêmico União dos Búzios, representação legítima dos estudantes do curso de história dessa Instituição – por isso, a agressão que sofri ganha um peso simbólico mais complicado. Estaria tudo bem, se eu ocupasse um lugar na senzala, se eu estivesse na favela, esperando a hora de visitar meu companheiro na prisão ou compondo manchete na página policial. Mas, como eu e várias (os) irmãos não nos curvamos, eles reagem dessa forma.

Sei que a tapa na cara e a expressão “você tira muita onda,’ quer na realidade perguntar: “quem é você, sua neguinha ousada e Insolente? Tal episódio poderia acontecer com qualquer outra irmã que desafiasse confrontar politicamente um membro da elite branca desse país racista, machista e homofóbico Por isso, conclamo meus irmãos e em especial às minhas irmãs, para amanhã, na extensão desta atividade, manifestarmos politicamente nosso repúdio. O Simpósio começa ás 18h:30. O procedimento legal está sendo encaminhado. Espero não apenas uma resposta legal, mas que a Unijorge responda administrativamente com medidas reparatórias a esse caso de Violência contra a mulher. Na fé! Tamu juntu!

Por: Carla Akotirene Santos

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Se escola fosse estádio e educação fosse Copa, por Jorge Portugal


Passeio, nesses últimos dias, meu olhar pelo noticiário nacional e não dá outra: copa do mundo, construção de estádios, ampliação de aeroportos, modernização dos meios de transportes, um frenesi em torno do tema que domina mentes e corações de dez entre dez brasileiros.

Há semanas, o todo-poderoso do futebol mundial ousou desconfiar de nossa capacidade de entregar o "circo da copa" em tempo hábil para a realização do evento, e deve ter recebido pancada de todos os lados pois, imediatamente, retratou-se e até elogiou publicamente o ritmo das obras.

Fiquei pensando: já imaginaram se um terço desse vigor cívico-esportivo fosse canalizado para melhorar nosso ensino público? É... pois se todo mundo acha que reside aí nossa falha fundamental, nosso pecado social de fundo, que compromete todo o futuro e a própria sustentabilidade de nossa condição de BRIC, por que não um esforço nacional pela educação pública de qualidade igual ao que despendemos para preparar a Copa do Mundo?

E olhe que nem precisaria ser tanto! Lembrei-me, incontinenti, que o educador Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação e hoje senador da República, encaminhou ao Senado dois projetos com o condão de fazer as coisas nessa área ganharem velocidade de lebre: um deles prevê simplesmente a federalização do ensino público, ou seja, nosso ensino básico passaria a ser responsabilidade da União, com professores, coordenadores e corpo administrativo tendo seus planos de carreira e recebendo salários compatíveis com os de funcionários do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal. Que tal? Não é valorizar essa classe estratégica ao nosso crescimento o desejo de todos que amamos o Brasil? O projeto está lá... parado, quieto, na gaveta de algum relator.

O outro projeto, do mesmo Cristovam, é uma verdadeira "bomba do bem". Leiam com atenção: ele, o projeto, prevê que "daqui a sete anos, todos os detentores de cargo público, do vereador ao presidente da República serão obrigados a matricular seus filhos na rede pública de ensino". E então? Já imaginaram o esforço que deputados (estaduais e federais), senadores e governadores não fariam para melhorar nossas escolas, sabendo que seus filhos, netos, iriam estudar nelas daqui a sete anos? Pois bem, esse projeto está adormecido na gaveta do senador Antônio Carlos Valladares, de Sergipe, seu relator. E não anda. E ninguém sabe dele.

Desafio ao leitor: você é capaz de, daí do seu conforto, concordando com os projetos, pegar o seu computador e passar um e-mail para o senador Valadares (antoniocarlosvaladares@senador.gov.br) pedindo que ele desengavete essa "bomba do bem"? É um ato cívico simples. Pela educação. Porque pela Copa já estamos fazendo muito mais.

Jorge Portugal é educador, poeta e apresentador de TV. Idealizou e apresenta o programa "Tô Sabendo", da TV Brasil.

Fonte: Terra Magazine

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Campanha “Banda larga é um direito seu! Uma ação pela internet barata, de qualidade e para todos”


Lançamento nacional será no dia 25/4, em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília

A banda larga no Brasil é cara, lenta e para poucos, e está na hora de pressionar o poder público e as empresas para essa situação mudar. O lançamento do Plano Nacional de Banda Larga em 2010 foi um passo importante na tarefa necessária de democratizar o acesso à internet, mas é insuficiente. O modelo de prestação do serviço no Brasil faz com que as empresas não tenham obrigações de universalização. Elas ofertam o serviço nas áreas lucrativas e cobram preços impeditivos para a população de baixa renda e de localidades fora dos grandes centros urbanos.

Enquanto isso, prefeituras que tentam ampliar o acesso em seus municípios esbarram nos altos custos de conexão às grandes redes. Provedores sem fins lucrativos que tentam prover o serviço são impedidos pela legislação. Cidadãos que compartilham sua conexão são multados pela Anatel.

É preciso pensar a banda larga como um serviço essencial. A internet é instrumento de efetivação de direitos fundamentais e de desenvolvimento, além de espaço da expressão das diferentes opiniões e manifestações culturais brasileiras por meio da rede.

Neste dia 25, vamos colocar o bloco na rua: juntar blogueiros, ativistas da cultura digital, entidades de defesa do consumidor, sindicatos e centrais sindicais, ONGs, coletivos, usuários com ou sem internet em casa, todos aqueles que acham que o acesso à internet deveria ser entendido como um direito fundamental. Nossa proposta é unir os cidadãos e cidadãs brasileiros em uma vigília permanente em defesa do interesse público na implementação do Plano Nacional de Banda Larga e da participação da sociedade civil nas decisões que estão sendo tomadas.

O lançamento nacional da Campanha Banda Larga é um Direito Seu! Uma ação pela Internet barata, de qualidade e para todos será feito em plenárias simultâneas em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília, com transmissão pela Internet. O manifesto da campanha, a lista de participantes e o plano de ação estão no site www.campanhabandalarga.org.br. Participe.

SÃO PAULO (SP) - 19h

Sindicato dos Engenheiros de São Paulo

Rua Genebra, 25 – Centro (travessa da Rua Maria Paula)

RIO DE JANEIRO (RJ) - 20h30

Auditório do SindJor Rio

Rua Evaristo da Veiga, 16, 17º andar

SALVADOR (BA) - 19h

Auditório 2 da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia

Avenida Reitor Miguel Calmon s/n – Campus Canela

BRASÍLIA (DF) – A CONFIRMAR

Balaio Café

CLN 201 Norte, Bloco B, lojas 19/31

Fonte: http://correionago.ning.com/profiles/blogs/campanha-banda-larga-e-um

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O FILME DO FILME ROUBADO DO ROUBO DA LOJA DE FILMES



Sinopse: Assalto a uma
locadora na Zona sul do Rio de janeiro. Curta filmado em celular. Primeiro
filme dirigido pelo músico Marcelo Yuka. Ganhador de 5 prêmios como: melhor vídeo no festival Guarnicê do Maranhão. Primeiro filme da CIA Brasileira de Cinema Barato.

Pretas recebem menos anestesia


As grosserias do deputado Bolsonaro (PP-RJ), representante e sobrevivente da extrema-direita brasileira, e a confusão bíblica do seu colega pastor Marco Feliciano (PSC-SP) - que tuitou que "africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé", e que "a África sofre com a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids" - só foram feitas porque há "proteção" do foro privilegiado e a deturpação do seu sentido. Ele garante o exercício da livre expressão, mas não o direito de incitar o preconceito e a intolerância.

O racismo no Brasil existe e, pior, é um caso de saúde pública, segundo dados publicados por Maria do Carmo Leal, Silvana Granado Nogueira da Gama e Cynthia Braga da Cunha na Revista de Saúde Pública da USP. O debate sobre as desigualdades raciais e suas consequências na saúde é recente. Foi só no fim dos anos 90 que começou a coleta de informação sobre a cor da pele na declaração de óbito e nascido vivo, graças a uma portaria de 1999. Então, a inclusão do campo raça/cor com os atributos adotados pelo IBGE entrou no sistema de dados do Ministério da Saúde.

O que se descobriu foi que os piores indicadores de mortalidade materna no parto são apresentados por mães pretas: cerca de sete vezes maior (275 por 100 mil nascidos vivos) do que entre mulheres brancas (43 por 100 mil nascidos). Pretos e pardos morrem cerca de duas vezes mais por agressões do que brancos: 136, 111, e 72 por 100 mil habitantes respectivamente.

No perfil de mortalidade nos homens pretos entre 40 e 69 anos, doenças cerebrovasculares predominam, mais associadas à pobreza em períodos precoces da vida, do que doenças do coração, que representam a primeira causa de óbito entre brancos.

Nas mulheres pretas entre 40 e 69 anos, a taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares (115 por 100 mil) é cerca de duas vezes maior do que entre brancas (58 por 100 mil). A mortalidade por doença hipertensiva e por diabetes é muito mais expressiva entre as mulheres pretas.

No parto, as mulheres de cor preta e parda são majoritariamente atendidas em estabelecimentos públicos, 58,9% e 46,9%, e nas maternidades conveniadas com o SUS, 29,6% e 32,0%. As brancas, ao contrário, quase a metade, 43,7%, tiveram seus partos realizados em maternidades privadas.

Foi elevada a proporção de mulheres pardas e negras que não conseguiram receber assistência na primeira maternidade procurada. A peregrinação em busca de atendimento foi de 31,8% entre as negras, e 18,5% nas brancas.

A anestesia foi amplamente utilizada para o parto vaginal nos dois grupos. Porém, a proporção de puérperas que não tiveram acesso a esse procedimento foi maior entre as pardas, 16,4% e negras, 21,8%. No momento do parto, foram mais penalizadas por não serem aceitas na primeira maternidade que procuraram e, incrivelmente, receberam menos anestesia.

***

Entre numa agência bancária privada e repare como os atendentes parecem saídos de uma mesma forma. São magros, simpáticos, com sorriso digno de anúncio de pasta de dente, razoavelmente bem vestidos e, na maioria, brancos.

Entre numa agência do Banco do Brasil ou Caixa Econômica. Não seguem um padrão estético. Atrás do balcão circulam velhos, gordos, negros com tranças, pessoas bonitas ou não. "Gosto de vir aqui porque vejo pessoas normais", eu disse à gerente do BB.

Na primeira leva de empresas, a contratação é feita após uma entrevista, em que o contato visual é estabelecido por um departamento de RH. Há o filtro da forma paralelo ao da competência. Na leva de empresas públicas, a contratação é automatizada por um concurso, que dá invisibilidade ao funcionário. O conhecimento, o acerto das questões, traduzido por competência, leva à contratação.

A licença poética de que "beleza é fundamental" se transformou numa norma empresarial endêmica. Outro teste? Repare nas estagiárias contratadas por qualquer empresa do mercado corporativo. Como o trabalho é por um período temporário, elas podem ser gatinhas e gostosas, que se relevam as habilidades. Todos os escritórios têm uma. Entre numa loja de roupas. Atente aos comissários de bordo. Garçom negro? Nem pensar. Garçom gordo? Jamais!

Ligue a TV e veja apresentadoras ou repórteres de telejornal. O gordo na tela de TV ou é humorista ou animador de programa de auditório. Muitos são ainda pressionados a fazer operações arriscadas de redução de estômago em Minas. Há exceções. Mas parece evidente que se prioriza o olhar, não o ouvido, para o bom andamento das relações trabalhistas. Nos transformamos numa sociedade que, além de racista, é obcecada pela beleza e barriga tanquinho.

Leo Jaime foi mais longe. "Gordo é o novo preto", escreveu no seu blog, inspirado no manifesto americano "Fat is the new black": "Ao longo dos anos ouvi, e ainda ouço, inúmeros "nãos" profissionais com a justificativa de que minha aparência não é boa, preciso perder peso, pareço decadente, etc".

"Passei 18 anos sem gravar um CD com minhas composições e percebi que ninguém se interessava em sequer ouvir as novas canções. Embora eu já tivesse emplacado várias no nosso cancioneiro, parecia que estava claro para todo mundo que a minha barriga tinha substituído o meu talento."

Leo ainda lembra que o preconceito contra os gordos é o único tolerado hoje em dia. "Todos são ou vão ser gordos, ou gostar de um gordo, ou admirar um gordo, ou ter prazer com um, seja em que nível for. Conviva com esta ideia, amigo ou amiga. Não são os bonitos os que vão dar prazer, mas aqueles que querem dar prazer e vão se esforçar para que você se dê conta disto. E, acredite, portadores de deficiências, magrinhos, carecas, altos, baixos, estão todos no páreo."

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110409/not_imp703837,0.php

domingo, 3 de abril de 2011

Racismo e truculência no sul do país



O jovem estudante negro da UNIPAMPA Helder Santos Souza que chegou à Salvador na noite da última quinta-feira (31) fala exclusivamente ao Correio Nagô sobre as agressões que sofreu por parte dos membros da Corporação Brigada Militar de Jaguarão - Rio Grande do Sul; sobre o indiciamento dos policiais e os próximos passos do caso.

fonte: http://correionago.ning.com/video/video/show?id=4512587%3AVideo%3A87431&xgs=1&xg_source=msg_share_video