quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Consciência Negra!!!


Ele nunca teve medo de andar pelos guetos, nunca teve chance de estudar, trabalhar, sonhar, viver e ser feliz... Ô Pátria Amada Madrasta Hostil que sempre nos negou afeto, oportunidade, dignidade, respeito e cidadania, mas eu sou parte de você mesmo que você me negue. E apesar de tanta dor que nos invade somos nós a alegria da cidade...

Caído na rua com uma rajada com a arma na mão, esperança crivada por uma rajada, esperança crivada sem compaixão... Mas ainda assim as cabeças se enchem de liberdade, o povo negro pede igualdade e deixa de lado a separação... Somos sementes criadas pela Mãe Natureza que faz com que se lute, se grite por um mundo melhor... Liberdade Curuzu, Harlem, Palmares, Soweto... Nosso céu é todo blue e o mundo é um grande gueto!!!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Memória Estudantil, será que ela ainda existe???


Vamos resgatar um pouco da nossa memória estudantil, mas vamos deixar a hipocrisia de lado e falar também da realidade a qual vivenciamos atualmente, pois infelizmente a única coisa que restou do movimento estudantil foi a sua memória que lamentavelmente não é reconhecida pela própria classe estudantil.

A UNE – União Nacional dos Estudantes, atualmente se tornou uma instituição vendida que se aproveita da alienação social de uma nação para manipular e corromper o movimento, claro que é necessário que se respeite a história do movimento que derramou muito sangue diante das suas conquistas, pois sem elas não teríamos chegado até aqui, mas infelizmente a memória estudantil está sendo corroída por uma geração hiper-individualista que põe a perder quase tudo que fora conquistado lá atrás, eu repudio as bandeiras que vemos estendidas sem coração e sem alma com interesses obscuros por trás, bandeiras vermelhas que não simbolizam nada, sentimentos vazios, pois o universo da linguagem sem o mundo da prática é um conjunto vazio!!!


Agora para aqueles que não conhecem a Memória do Movimento Estudantil e a sua história vai aí uma dica cultural:

http://www.memoriaestudantil.org.br/

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

CRISE. ATÉ quando?


Até quando vamos agüentar essa crise financeira global?

Precisamos unir forças, trabalhar juntos: governo, empresas privadas e sociedade, a fim de minimizar os efeitos dela aqui no Brasil e mais precisamente aqui em Salvador.

Hoje, o que vemos são mega empresas quebrando, concessionárias de veículos demitindo dezenas de funcionários (esse fato aqui em Salvador), bancos quebrando, montadoras, a exemplo da FORD, em Camaçari, que recebeu incentivos fiscais por mais de vinte anos, anunciar que vai dar férias coletivas e demitir funcionários.

A crise já chegou aqui sim!

É triste ver dezenas de irmãos sendo demitidos, ainda mais nesta época de fim de ano.
É triste ver que por um problema nos EUA todos nós fomos afetados.
É triste ver que a maioria desta crise é por pura especulação.


CRIE. FAÇA. OUSE. CONVERSE. MEXA-SE. NÃO DEIXE ESSA CRISE ATINGIR SUA EMPRESA, SEU TRABALHO, SUA VIDA.
Forte abraço.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

UM DISCURSO histórico.

“Oi, Chicago.Se alguém ainda duvida que a América é um lugar onde tudo é possível, ainda pergunta se o sonho dos pioneiros ainda estão vivos em nossos tempos, ainda questiona o poder da nossa democracia, esta noite é sua resposta.É a resposta das filas que cercaram escolas e igrejas em números que essa nação nunca havia visto. Das pessoas que esperaram três horas e quatro horas, muitas pela primeira vez em suas vidas, porque acreditavam que desta vez precisava ser diferente, que as suas vozes podiam fazer diferença.É a resposta de jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, índios, gays, heterossexuais, deficientes e não-deficientes. Americanos que enviaram uma mensagem ao mundo de que nós nunca fomos somente uma coleção de indivíduos ou uma coleção de Estados vermelhos e azuis.Nos somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América.É a resposta que levou aqueles que ouviram –por tanto tempo e de tantos– para serem cínicos, medrosos e hesitantes sobre o que poderiam realizar a colocar a mão no arco da história e torcê-lo uma vez mais, na esperança de dias melhores.Faz muito tempo, porém, nesta noite, por causa do que fizemos nesse dia de eleição, nesse momento decisivo, a mudança chegou à América.Um pouco mais cedo nesta noite, recebi um telefonema estraordinariamente gracioso do senador McCain. Ele lutou muito e por muito tempo nesta campanha. Ele lutou ainda mais e por ainda mais tempo por esse país que ele ama. Ele enfrentou sacrifícios pela América que a maioria de nós nem pode começar a imaginar. Nós estamos melhores graças ao serviços desse líder bravo e altruísta.Eu o parabenizo e parabenizo a governadora Palin por tudo que eles conquistaram. Eu estou ansioso por trabalhar com eles e renovar a promessa dessa nação nos próximos meses.Eu quero agradecer meu parceiro nessa jornada, um homem que fez campanha com o coração e que falou para os homens e mulheres com os quais cresceu, nas ruas de Scranton, e com os quais andou de trem a caminho de Delaware, o vice-presidente eleito dos EUA, Joe Biden.E eu não estaria aqui nesta noite sem a compreensão e o incansável apoio da minha melhor amiga dos últimos 16 anos, a rocha da nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama dessa nação, Michelle Obama. Sasha e Malia [filhas de Obama] eu as amo mais do que vocês podem imaginar. E vocês mereceram o cachorrinho que irá morar conosco na nova Casa Branca.E, embora ela não esteja mais entre nós, eu sei que minha avó está assistindo, ao lado da família que construiu quem eu sou. Eu sinto falta deles nesta noite. Eu sei que minha dívida com eles está além de qualquer medida.Para minha irmã Maya, minha irmã Alma, todos os meus irmãos e irmãs, muito obrigado por todo o apoio que me deram. Sou grato a eles.E agradeço ao meu coordenador de campanha, David Plouffe, o herói anônimo da campanha, que construiu o que há de melhor –a melhor campanha política, penso, da história dos EUA.Ao meu estrategista-chefe David Axelrod, que tem sido um companheiro em todos os passos do caminho. À melhor equipe de campanha reunida na história da política –você fizeram isso acontecer, e eu serei sempre grato pelo que vocês sacrificaram para conseguir.Mas, acima de tudo, eu nunca esquecerei a quem essa vitória realmente pertence. Isso pertence a vocês. Isso pertence a vocês.Eu nunca fui o candidato favorito na disputa por esse cargo. Nós não começamos com muito dinheiro ou muitos endossos. Nossa campanha não nasceu nos corredores de Washington. Nasceu nos jardins de Des Moines, nas salas de Concord e nos portões de Charleston. Foi construída por homens e mulheres trabalhadores que cavaram as pequenas poupanças que tinham para dar US$ 5, US$ 10 e US$ 20 para essa causa.Ela [a campanha] cresceu com a força dos jovens que rejeitaram o mito de apatia da sua geração e deixaram suas casas e suas famílias por empregos que ofereciam baixo salário e menos sono.Ela tirou suas forças de pessoas não tão jovens assim que bravamente enfrentaram frio e calor para bater às portas de estranhos e dos milhões de americanos que se voluntariaram e se organizaram e provaram que, mais de dois séculos mais tarde, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desapareceu da Terra.Essa é a nossa vitória.E eu sei que vocês não fizeram isso só para ganhar uma eleição. E eu sei que vocês não fizeram tudo isso por mim.Vocês fizeram isso porque entendem a grandiosidade da tarefa que temos pela frente. Podemos comemorar nesta noite, mas entendemos que os desafios que virão amanhã serão os maiores de nossos tempos –duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira do século.Enquanto estamos aqui nesta noite, nós sabemos que há corajosos americanos acordando nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscar suas vidas por nós. Há mãe e pais que ficam acordados depois de os filhos terem dormido se perguntando como irão pagar suas hipotecas ou o médico ou poupar o suficiente para pagar a universidade de seus filhos. Há novas energias para explorar, novos empregos para criar, novas escolas para construir, ameaças para enfrentar e alianças para reparar.O caminho será longo. Nossa subida será íngreme. Nós talvez não cheguemos lá em um ano ou mesmo em um mandato. Mas, América, nunca estive mais esperançoso do que chegaremos lá. Eu prometo a vocês que nós, como pessoas, chegaremos lá.Haverá atrasos e falsos inícios. Muitos não irão concordar com todas as decisões ou políticas que eu vou adotar como presidente. E nós sabemos que o governo não pode resolver todos os problemas. Mas eu sempre serei honesto com vocês sobre os desafios que enfrentar. Eu vou ouvir vocês, especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, eu vou pedir que vocês participem do trabalho de refazer essa nação, do jeito que tem sido feito na América há 221 anos –bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada por mão calejada.O que começamos 21 meses atrás no inverno não pode terminar nesta noite de outono. Essa vitória, isolada, não é a mudança que buscamos. É a única chance para fazermos diferença. E isso não vai acontecer se voltarmos ao modo como as coisas eram. Isso não pode ocorrer com vocês, sem um novo espírito de serviço, um novo espírito de sacrifício.Então permitam que exijamos um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, com o qual cada um de nós irá levantar e trabalhar ainda mais e cuidar não apenas de nós mesmos mas também uns dos outros. Lembremos que, se essa crise financeira nos ensinou uma coisa, foi que não podemos ter uma próspera Wall Street enquanto a Main Street sofre.Nesse país, nós ascendemos ou caímos como uma nação, um povo. Resistamos à tentação de voltar ao bipartidarismo, à mesquinhez e à imaturidade que envenenou nossa política por tanto tempo. Lembremos que foi um homem deste Estado que primeiro carregou a bandeira do Partido Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre valores de autoconfiança, liberdade individual e unidade nacional.Esses são valores que todos compartilhamos. E enquanto o Partido Democrata obteve uma grande vitória nesta noite, isso ocorre com uma medida de humildade e de determinação que cura as fissuras que têm impedido nosso progresso.Como [o ex-presidente Abraham] Lincoln [1861-1865] afirmou para uma nação muito mais dividida que a nossa, nós não somos inimigos, e sim amigos. A paixão pode ter se acirrado, mas não pode quebrar nossos laços de afeição. E àqueles americanos cujo apoio eu ainda terei que merecer, eu talvez não tenha ganho seu voto hoje, mas eu ouço suas vozes. E eu preciso de sua ajuda. Eu serei seu presidente também.E a todos aqueles que nos assistem além das nossas fronteiras, de Parlamentos e palácios, àqueles que se reúnem ao redor de rádios, nas esquinas esquecidas do mundo, as nossas histórias são únicas, mas o nosso destino é partilhado, e uma nova aurora na liderança americana irá surgir.Àqueles que destruiriam o nosso mundo: nós os derrotaremos. Àqueles que buscam paz e segurança: nós os apoiamos. E a todos que questionaram se o farol da América ainda arde: nesta noite nós provamos uma vez mais que a verdadeira força da nossa nação vem não da bravura das nossas armas ou o tamanho da nossa riqueza mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e inabalável esperança.Esse é o verdadeiro talento da América: a América pode mudar. Nossa união pode ser melhorada. O que já alcançamos nos dá esperança em relação ao que podemos e ao que devemos alcançar amanhã.Essa eleição teve muitos ‘primeiros’ e muitas histórias que serão contadas por gerações. Mas há uma que está em minha mente nesta noite, sobre uma mulher que votou em Atlanta. Ela seria como muitos dos outros milhões que ficaram em fila para ter a voz ouvida nessa eleição não fosse por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.Ela nasceu exatamente uma geração após a escravidão; uma época na qual não havia carros nas vias nem aviões nos céus; quando uma pessoa não podia votar por dois motivos –porque era mulher ou por causa da cor da sua pele. Nesta noite penso em tudo que ela viu neste seu século na América –as dores e as esperanças, o esforço e o progresso, a época em que diziam que não podíamos, e as pessoas que continuaram com o credo: ‘Sim, nós podemos’.Em um tempo no qual vozes de mulheres eram silenciadas e suas esperanças, descartadas, ela viveu para vê-las se levantar e ir às urnas. Sim, nós podemos. Quando havia desespero e tigelas empoeiradas, com a Depressão em toda parte, ela viu uma nação conquistar seu New Deal, novos empregos, um novo senso de comunidade. Sim, nós podemos.Quando bombas caíam em nossos portos e a tirania ameaçava o mundo, ela estava lá para testemunhar uma geração chegar à grandeza, e a democracia foi salva. Sim, nós podemos. Ela estava lá para ver os ônibus em Montgomery, as mangueiras em Birmingham, a ponte em Selma e um pregador de Atlanta que disse “Nós Devemos Superar”. Sim, nós podemos.Um homem chegou à Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo foi conectado por nossa ciência e imaginação. Neste ano, nesta eleição, ela tocou o dedo em uma tela e registrou o seu voto porque, após 106 anos na América, através dos melhores e dos mais escuros dos tempos, ela sabe que a América pode mudar. Sim, nós podemos.América, nós chegamos tão longe. Nós vimos tanto. Mas há tantas coisas mais para serem feitas. Então, nesta noite, devemos nos perguntar: se nossas crianças viverem até o próximo século, se minhas filhas tiverem sorte suficiente para viver tanto quanto Ann Nixon Cooper, quais mudanças elas irão ver? Quanto progresso teremos feito?É nossa chance de responder a esse chamado. É o nosso momento.Esse é nosso momento de devolver as pessoas ao trabalho e abrir portas de oportunidade para nossas crianças; de restaurar a prosperidade e promover a paz; de retomar o sonho americano e reafirmar a verdade fundamental de que, entre tantos, nós somos um; que, enquanto respirarmos, nós temos esperança. E onde estamos vai de encontro ao cinismo, às dúvidas e àqueles que dizem que não podemos. Nós responderemos com o brado atemporal que resume o espírito de um povo: Sim, nós podemos.Obrigado. Deus os abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América.”
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Deus salve o mundo!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Sim, nós podemos!


Com a Boca no Mundo e Soltando O Grito de Revolta!!!



Mais uma vez temos que presenciar esse tipo de coisa em nossa cidade a capital negra do nosso país. Estava pensando em postar uma matéria no blog falando sobre a falta de consciência dos nossos governantes, principalmente a prefeitura de Salvador em instituir o feriado no dia da consciência negra em nossa cidade, assim como é feito no Rio de Janeiro e outras demais cidades, pois é inadmissível que Salvador que tem a maior população negra fora da África não dedique esse dia para celebrar as manifestações culturais e sociais do movimento negro mobilizando toda cidade, assim decretando a paralização das demais atividades, ou seja, oficializar de fato o feriado do dia da Consciência Negra em Salvador. Mas assim que cheguei de viagem me deparei com uma situação que ocorreu com uma irmã de militância e seus colegas nestes últimos dias em um dos locais de maior concentração e manifestação da cultura negra em Salvador e justamente por isto resolvi delatar aqui nesse espaço de discussão:


ACONTECEU COM A IRMA DE ILKA!!!

Taxista simula assalto e passageiros são agredidos por policiais Sucessão de equívocos ocorreu após show no Pelourinho

Um taxista, motivado pelo racismo, simula uma tentativa de assalto, acusando os passageiros - três jovens negros - e despertando a atenção de uma viatura da Polícia Civil de onde saem três policiais armados que, antes de qualquer esclarecimento, xingam e agridem os jovens, deixando, inclusive, um deles nú em via pública. Na delegacia para onde foram levados, mais uma sucessão de humilhações e desrespeitos.

O que era para ser um fim de festa tranqüilo para os amigos, Ítala Correia, Saturnino Silva e Henrique dos Santos, virou um pesadelo que tem custado sair da lembrança dos jovens. Na madrugada de sábado para domingo, 26, após assistirem ao show da Banda Lampirônicos, no Centro Histórico de Salvador, os jovens, todos moradores do bairro da Boca do Rio, resolveram pegar um táxi, para garantir mais conforto e segurança na volta para casa. Ledo engano. Entraram no Corsa JRA 1505, do taxista César Augusto da Silva Purificação Santos, de 49 anos (Alvará A-1753), no Terreiro de Jesus. Próximo dali, após passar pelo Campo da Pólvora, o motorista iniciou uma crise de pânico, gritando e demonstrando medo. A princípio, os jovens tentaram acalmar o taxista, pois pensaram se tratar de algum repentino problema de saúde. No início da Ladeira da Fonte Nova, o motorista, ao avistar uma viatura - um Eco Sport da Delegacia do Adolescente Infrator / DAI, parou o taxi e saiu gritando que estava sendo assaltado.

'Até então, ainda não entendíamos o que estava ocorrendo. Primeiro pensamos que ele passava mal, estava tendo uma crise de epilepsia. Depois pensamos que o carro estava sendo assaltado por alguém que estava do lado de fora. Foi uma tensão terrível', explica com tristeza a produtora cultural Ítala Correia, de 21 anos. Quando os jovens conseguiram sair do carro, já que o motorista havia travado todas as portas, já encontraram três policiais com armas em punho apontadas para eles. 'A partir daí foi muito xingamento, humilhação. Revistaram minha amiga de forma abusiva, levantando a roupa dela e xingando-a de puta, vagabunda e outros palavrões. Tive que ficar nú em plena rua', relembra o garçom, Saturnino Silva, de 30 anos.

Na confusão para sair do carro, Ítala caiu e bateu o queixo no chão. Mesmo sangrando, a jovem continuou a ser agredida verbalmente pelos policiais, atendendo ao desespero do taxista que continuava afirmando que os jovens o assaltariam. A jovem foi atendida no 5º Centro de Saúde, no Vale dos Barris, e levou cinco pontos no queixo, além de apresentar manchas roxas pelo corpo.

'Como eu já sai do carro correndo, pois achava que nós é que seríamos assaltados, os policias apontaram a arma para mim e chegaram a engatilhar. Tive que me jogar no chão. Por pouco não fui morto', conta o jogador de basquete Henrique dos Santos, de 28 anos, que havia participado, na manhã de sábado, do campeonato de Basquete de Rua, promovido pela Central Única das Favelas - CUFA. Policiais da 1º Delegacia, no Complexo dos Barris, alegaram que a roupa do esportista (camisa e bermuda largas), foram as razões para despertar o medo no taxista. 'Também, olhem como vocês estão vestidos, olhem para o cabelo de vocês, era o que dizia um dos policiais que nos atenderam na Delegacia, justificando a ação do taxista', conta Henrique.

Os jovens acreditam que a ação policial, ainda na Ladeira da Fonte Nova, só não foi pior porque o tio de Ítala, o comerciante do Pelourinho, Wilson Santos, também morador da Boca do Rio, conduzia seu automóvel, junto com a esposa, e acompanhava o táxi que levava os jovens. Ao ver a movimentação policial, Wilson soltou do carro e se colocou na frente dos agentes, entre as armas e os jovens, tentando convencer os policiais do equívoco que ocorria.

No Boletim de Ocorrência, assinado pelo agente Júlio César dos Santos Batista, está descrita a calúnia e simulação de assalto, com a alegação do taxista de que 'os jovens fizeram movimentos bruscos dentro do carro'. Os amigos explicam que o próprio motorista perguntou se havia alguma porta aberta e todos foram verificar, respondendo negativamente. Depois disso, o condutor travou todas as portas e iniciou o desespero repentino.

Os três jovens já deram queixas em todas as instâncias que tiveram acesso: como o Disk Racismo, a Gerência de Táxi da Prefeitura de Salvador - GETAXI e o Procon, ainda restando ir à Corregedoria da Polícia Militar e ao Ministério Público. Eles esperam que a ação preconceituosa do taxista e a abordagem abusiva dos policiais não fiquem impunes. 'Somos jovens de bem, trabalhamos, não usávamos drogas, nem estávamos cometendo nenhum delito. Toda a suspeita e agressão foram motivadas pela nossa cor, nossos cabelos. É um absurdo que ainda tenhamos que conviver com atitudes como essa', revoltasse Ítala. 'Poderíamos estar todos mortos. Aí seria alegado que estávamos envolvidos com o tráfico de drogas. Já imagino as manchetes: Tentativa de assalto termina com morte de três assaltantes', assustasse Saturnino, referindo-se às práticas constantes no noticiário baiano, quando se trata do assassinado de jovens negros da periferia.

André Luís Santana - Jornalista (DRT BA 2226)