sexta-feira, 11 de julho de 2008

“Super Heróis de Jalecos!”


Será que é o status ou a missão de salvar vidas que faz homens e mulheres adentrarem no mundo da medicina? Há muito tempo atrás muitos clãs se orgulhavam de ter um filho médico ou um profissional de jaleco no seu seio familiar, era algo tão supremo que todos apresentavam tal feito como um brasão de honra ou mérito, tanto que faziam disto uma verdadeira dinastia suprema passada de pai para filho. Será que hoje as coisas mudaram diante do nosso cenário social? Acredito que os sonhos continuam os mesmos, mas a missão de salvar vidas já não tenho tanta certeza, aliás, pergunto se dentro das universidades de medicina alguma vez a vida humana foi considerada algo que não fosse um status ou brasão?

Na nossa conjuntura atual vejo muitos jovens ainda atraídos pelo mundo da medicina e justificam os seus sonhos com os mesmos argumentos de outrora, acredito que tudo isto seja louvável, mas lidar com vidas humanas não é uma simples razão lógica baseada em teorias de livros de anatomia humana, pois a “psiquê”, ou seja, a alma é algo que deveria ser levado muito em consideração pelo profissional de jaleco, desde o atendimento do seu paciente até a mesa de cirurgia. O que me deixa mais abismado em tudo isto é que a Patologia um termo que vem do radical grego para denominar uma área da medicina, trata o “pathos” justamente este termo que a origina que significa emoção humana como uma enfermidade, daí se mostra à idéia do menosprezo pelo sentimento e emoção humana que vem da alma, o mais contraditório é que no início quando todos querem entrar neste universo da medicina, a razão vem da realização dos seus sonhos provenientes das emoções que durante a sua trajetória vai caindo no esquecimento, será que é necessário abandonar as emoções para dar lugar a razão? Será que a vida humana não é um mix de tudo isto? Será que pra ser um profissional de jaleco é necessário que se negue a alma pra assumir uma postura fria diante de todas as situações impostas pela profissão? Não sei se alguém poderá responder todas estas perguntas, mas o que vemos hoje tanto na saúde pública como na saúde privada é o descaso e desrespeito a vida humana, as inversões de valores e a falta de uma postura plausível diante do caos que virou a nossa sociedade.

Sabemos das dificuldades encontradas dentro da nossa saúde, pois é do conhecimento de todos que a saúde pública anda na UTI em estado de extrema emergência, falta de estruturas física e humana, sem falar do abandono, a falta de recurso, corrupções etc. Mas será que tudo isto justifica a postura dos nossos Super Heróis de Jalecos? Sei que dentre eles existem ainda os heróis da resistência que apesar de todas estas dificuldades citadas cumprem os seus juramentos de conclusão do curso custe o que custar e não apenas se ornamentam da sensação de poder que o jaleco branco os proporciona de decidirem quem vive e quem não vive diante do caos social que a saúde, principalmente a pública, se tornou... “pelos poderes de Grayskul... eu tenho a força” ... Por trás dos jalecos brancos temos nada mais que simples seres humanos dotados de razões e emoções tão frágeis quanto àqueles que necessitam deles...

2 comentários:

Xan Sobral disse...

DISSE tudo.

Anônimo disse...

Meu amigo La Marca , estive onten no Hosp.Roberto Santos numa unidade que so tinha mulheres com tumor no ultero , e uma heroina de jaleco branco atendia as mulheres sofridas com a tumoraçao como se fosse bicho .Heroi ou vilao de jaleco branco ?